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Carta aberta ao ecossistema brasileiro de empreendedorismo, inovação e investimentos em startups

Carta aberta ao ecossistema brasileiro de empreendedorismo, inovação e investimentos em startups
Bruno Dequech Ceschin
mai. 28 - 8 min de leitura
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Esse texto nasceu com o propósito de atualizar o ecossistema de empreendedorismo, inovação e investimentos em startups a respeito da disposição de novos investimentos em capital de risco em startups brasileiras levando em consideração a pandemia e a crise global 2020. O contexto é de uma abrupta e drástica mudança no cenário de saúde, social, político, econômico e quantas mais dimensões existenciais humanas podemos listar, as quais demonstram evidências ambíguas, voláteis, contraditórias por natureza dos tempos de altíssima incerteza e muita mudança em pouquíssimo tempo. Nele vemos o mercado brasileiro de investimentos em startups de tecnologia, narrada pelos principais protagonistas deste mercado presentes em nossa comunidade, representados no mapa abaixo feito em 2019.

 

Em pesquisa no final de 2019 feita em nossa comunidade, constatamos ao menos 125 entidades de investimentos independentes em múltiplas etapas da cadeia de valor de investimentos em tecnologia - isso sem considerar investidores pessoas físicas e family offices diretamente ou corporações que investem. Isso nos demonstra claramente que o mercado é múltiplo, diverso, variado e dificilmente pode ser explicado pela opinião de poucos agentes. Mesmo com a natural concentração de alto volume de capital presente nas séries de Growth Late Stage, não podem generalizar o que acontece no início da jornada. Temos portanto um mercado em franco amadurecimento, regado principalmente pelo corte da taxa básica de juros que nos incentiva cada vez mais a tomar riscos, mas também muito impulsionado por outras tendências, como a penetração da internet/mobile na população brasileira, entre outras.

Logo no início da crise sanitária, em março, no período provavelmente mais agudo da mudança de hábitos e múltiplas adaptações na vida de cada um de nós, foi divulgada uma pesquisa da Anjos do Brasil feita em conjunto com as principais redes de investidores anjo do Brasil. A mesma demonstrou uma grande queda de investimentos esperada para o ano de 2020, refletindo a liquidez das pessoas físicas de algumas redes de investidores anjos. Infelizmente, e até contra o posicionamento da própria entidade, essa pesquisa foi erroneamente percebida por parte relevante da imprensa brasileira como um retrato de todo o mercado de investimentos em startups.

Iniciamos então uma série de lives semanais, com o objetivo de entendermos todas as perspectivas, de todos os vieses, de todas as redes, de todos os investidores, e em múltiplos momentos da crise, também nos apoiamos em outras pesquisas e outros relatórios do mercado de investimentos, para que pudéssemos ter uma visão mais completa possível. E hoje estamos dando mais um passo ao publicar essa carta e convocar a comunidade a novamente demonstrar suas intenções de investimentos respondendo à nossa nova pesquisa de investidores, para dar origem ao novo Mapa de Investidores de Startups 5.0, o primeiro da era pós covid. A participação nesta pesquisa é muito importante para que possamos consolidar a visão dos principais investidores em nosso segmento e com isso evidenciar nossa percepção conjunta sobre o atual momento. Os primeiros dados levantados na pesquisa já demonstram grande disponibilidade de prestar informações e de investir. Logo nos primeiros dias, já são dezenas de investidores reportando seus interesses de investimentos refletindo quase R$1Bi disponível e 95% de quem respondeu está ativo na busca por oportunidades de investimento.

Em nossas discussões, houve também a perspectiva de que há uma distinção clara de capital disponível que difere investidores anjos pessoa física, para os quais o investimento em startups pode vir depois de muitas outras prioridades, muito diferente dos fundos de Venture Capital, que trabalham com capital comprometido em investir e captam a maioria dos recursos de investidores institucionais e profissionais, e os Corporate Ventures, que aportam capital das grandes empresas.

 

Percebemos que a atividade de Venture Capital segue aquecida, sem parar. Há relatos de novos rounds sendo fechados em múltiplas das séries de investimentos. Existe uma percepção, ainda que não suportadas por dados exatos, de que há um capital já captado, comprometido e muito provavelmente até disponível, na casa de bilhões de dólares. Em especial para fundos de Série A recém captados, conforme imagem abaixo feita pela Astella. No mundo todo, somam mais de US$120B em dry powder (capital comprometido e não alocado). Pesquisa muito boa conduzida pelo time do Distrito Dataminer, confirma com dados de que o volume investido segue aquecido, conforme algumas das imagens acima.

 

Lembramos a todos de que o nosso ciclo de investimentos é longo, podendo levar de 5 à 15 anos. E de todas as métricas de performance dos fundos de VC, a que tem maior impacto no resultado é o vintage - seu ano de nascimento. E o melhor vintage de investimentos são durante ou logo após crises agudas como a que vivemos. Estamos portanto, vivendo o início do melhor período para investir em tecnologia desta nova década. Além disso, empreendedorismo em si é acíclico: independe e tem zero correlação com ciclo macroeconômico. Os fundamentos que levam VCs a realizarem investimentos estão mantidos -- e o que ocorreu de certa forma, foi a aceleração de algumas teses de investimentos em razão da necessidade de maior digitalização de empresas e pessoas. E é justamente o protagonismo dos empreendedores brasileiros em criar e adaptar negócios para um novo futuro que é o novo motor de crescimento no setor de tecnologia. Todos esses argumentos foram reforçados no excelente material preparado pelo time da Astella, do qual extraímos aqui alguns pontos centrais em imagens ao longo desta carta e especialmente nas imagens a seguir.

Outra modalidade de financiamento de startups que se espalha pelo mercado brasileiro e que merece destaque é o Venture Debt. O formato, que combina dívida(renda fixa) e equity(renda variável), se posiciona como grande alternativa para evitar diluições em momento de intensa revisão e debate de valuations que acontece naturalmente no mercado de equity puro sangue. Nesse espaço vemos grande ampliação dos players de investimento mais tradicionais como o boostLAB, Hub de negócios do BTG Pactual para empresas de tecnologia, representante ativo em nossa comunidade, movendo seus books de crédito para atender as demandas de capital das scale-ups. Novos relatórios sobre isso a serem divulgados em breve. E é claro, não poderíamos esquecer de mencionar o mercado de public equities - as empresas listadas em bolsa. Com a intensa recuperação das empresas de tecnologia, demonstra muita robustez.

A transformação digital está acelerando empresas de tecnologia brasileiras, que são na maioria as grandes vencedoras desta crise, conforme experienciado enorme crescimento de serviços digitais agora sendo essenciais para o enfrentamento da crise que é passageira, porém o mundo dificilmente será menos digital depois deste evento de enorme impacto na vida humana e sociedade moderna. Um reflexo, e até evidência disso é a enorme adoção do e-commerce nos EUA nas últimas 8 semanas, que aponta para um novo futuro drasticamente diferente daquele que conhecíamos em fevereiro, o qual é ainda mais promissor para toda a internet global. E isso só nos prova de que empresas digitais irão escalar ainda mais rápido do que antes.

 

Evidenciam esse cenário otimista as notícias de novos fundos saindo do forno, assim como novas rodadas de investimentos sendo estruturadas e anunciadas, como nos links a seguir:

Novos fundos de investimentos sendo anunciados:

 

Fontes: Notícias sobre novos deals, estudos e informações relevantes do mercado de venture capital:


 

Concluímos que, apesar da turbulência, da potencial escassez de liquidez para a pessoa física, o mercado de investimentos em startups não para. Muito pelo contrário, tem uma chance única de crescer muito e assumir o protagonismo econômico que conquistou nos países desenvolvidos. Desenvolvimento este que foi conquistado exatamente assim: Tomando risco.


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